MEDIATECA ONSHORE

MEDIATECA ONSHORE

mediateca

Atelier Zé Interpretador

Zé Interpretador é um artista multifacetado, músico, dançarino e tecelão de linhagem papel. Colaborou em vários projetos com a Mediateca, particularmente com a sua arte de fisial (tecelão) de panu-di-pinti. No seu liço, computa tramas mais simples ou mais complexas, lançando a prática da tecelagem para um campo experimental atravessado-a por múltiplas influências contemporâneas para além do uso tradicional feito pela comunidade guineense. Zé Interpretador apanha com habilidade ímpar os mundos físicos e imaginários nas linhas do seu tear inscrevendo-as nas suas composições de panu-di-pinti.

Cadjigue

O Museu Virtual dedicado ao património imaterial da Cultura de Bijagó é uma associação de habitantes multigeracionais das ilhas Bijagós que formam uma associação social e cultural. Esta foi criada em 2014 na sequência da produção conjunta do filme “Kadjike” de Sana Na N’Hada. A associação visa valorizar a cultura material e imaterial de Bijagó e assim proteger e reproduzir as tradições orais bem como a transmissão de rituais. Além disso, o colectivo esforça-se por desenvolver métodos criativos para produções colectivas, performativas e audiovisuais com o objectivo de enfrentar as actuais ameaças ao arquipélago, aos seus habitantes, bem como à sua fauna e flora, únicas no mundo. A Cadjigue quer contribuir para a promoção do significado social e cultural dos Bijagós, criando um museu virtual aberto e acessível, que possa acolher documentos significativos do património geográfico, social, cultural e espiritual. O Cadjigue é constituído por jovens Bijagó, alguns dos quais pertencem também ao grupo de mulheres Atingo Iacanto, que por sua vez colabora com a MEDIATECA ONSHORE.

Cassacá-64

Fundamentalmente Cabralistas, mas com interesse em teorias marxistas trotskistas, Cassacá-64 é uma jovem organização política com o sonho utópico de parar os males do capitalismo. Derivou do grupo Netos de Cabral, que tinha como objetivo restabelecer as bases que Amílcar Cabral proclamou durante o histórico Congresso de Cassacá, em 1964, depois do início da revolução que daria a independência ao país. Cassacá-64 pretende dar a continuidade a esses ideais para estabelecer também a independência económica dos povos, a partir da Guiné-Bissau, para o mundo. Realizam várias atividades de leituras e discussão de grandes pensadores pan-africanistas e comunistas e realizam trabalho voluntário em prol da população.

Clube Amor à Leitura

Criado durante a pandemia da COVID 19 como um grupo no Whatsapp por alguns jovens que queriam contrariar as limitações impostas pelo confinamento, e mitigar a necessidade de se encontrarem para discutir literatura e partilhar livros, tornou-se surpreendentemente maior do que o esperado, tendo em conta a resultante adesão do amigo que traz o amigo que também gosta de escrever. Ao realizar eventos semanais sobre literatura e ao convidar escritores estabelecidos a falar com aqueles que estão apenas a começar o percurso, o grupo tornou-se um importante espaço de partilha, estruturando pensamentos e discussões, encorajando cada vez mais a leitura e abrindo o leque de autores uns aos outros.

elsehere

elsehere é um coletivo feminista transnacional, armado com um grão inerente de indestrutibilidade. As suas práticas estão comprometidas com uma política de empoderamento e uma economia de cuidado que partilha um interesse comum em abordagens ao conhecimento, tecnologia e influência. elsehere opera dentro e fora das fraturas sistémicas reais e imaginárias que existem no patriarcado estrutural, no extrativismo, no capitalismo e na sua iminente obsolescência programada pelas irmãs que vieram antes.

Geba Filmes

Geba Filmes é uma cooperativa sem fins lucrativos que nasceu com o intuito de promover atividades culturais sustentáveis nas áreas da imagem em movimento, do vídeo, do cinema e das artes performativas na Guiné-Bissau. O programa da Geba Filmes visa estimular o desenvolvimento dos potenciais social, educativo e ambiental para a criação artística e audiovisual no território e apoiar projetos de promoção da literacia artística e audiovisual. Dois dos membros fundadores da Geba Filmes, os cineastas Sana na N’Hada and Flora Gomes, são os pioneiros da imagem em movimento da Guiné-Bissau e os fundadores do INCA – Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual em 1978. Desde a sua formação, em 2007, a Geba Filmes co-produziu dezenas de projetos na área da imagem em movimento e em 2011-2013 foi o principal parceiro do Arsenal – Institute for Film and Video Art, Berlim, no projeto de digitalização do arquivo de cinema guineense que documenta o processo histórico da luta de libertação contra a ocupação colonial portuguesa.

Grupo Teatro do Oprimido

A colaborar na Guiné-Bissau com a organização do Fórum da Paz, GTO é um grupo de actores que utilizam o método de teatro criado pelo brasileiro Augusto Boal, encenando peças que se dirigem directamente às populações, forçando-as a sair das suas zonas de conforto a fim de articular conflitos e encontrar estratégias para os resolver. GTO-Bissau actua em áreas distintas de problemas sociais, promovendo diálogos de alerta com a população, a fim de curar os muitos preconceitos ainda existentes na sociedade. Composto por pessoas com várias origens artísticas, além de actuar, é um grupo versátil e prolífico. GTO oferece formação em Teatro do Oprimido, mediação popular e educação para a paz e cidadania pró-activa, envolvendo activistas formados no âmbito da rede nacional de Kumpuduris di Paz (rede de promotores da paz).

HSH-PDH

Devido aos preconceitos de género e de orientação sexual e devido a toda a violência inerente à situação que fustiga não só o corpo como também a alma de pessoas homossexuais na Guiné-Bissau, este grupo nasceu como resposta ao medo e à discriminação. Pessoas que sofreram, sofrem, mas sobrevivem e afirmam-se e afirmam a sua sexualidade, organizaram-se para ajudar a própria sociedade que as violenta a curarem-se e para ajudar os mais jovens e outros a sentirem-se menos sozinhos e menos amedrontados. Tiveram vários problemas e objeções para legalizarem a organização, mas a sua perseverança acabou por ganhar. Realizam atividades várias de ativismo, sensibilização sobre as infeções sexuais transmissíveis e métodos de prevenção, e realizam também várias atividades culturais para mostrar à sociedade como é patente a sua existência. HSH é sigla para Homens que fazem Sexo com Homens e PDH é para Promotores de Direitos Humanos.

luta ca caba inda

Luta ca caba inda é tanto um projecto em curso como um colectivo informal. O nome traduz-se como a luta ainda não acabou e deriva de um filme nunca terminado concebido como um documentário do período da pós-independência na Guiné-Bissau. O filme foi abandonado em 1980 durante o golpe de estado que interrompeu o projecto revolucionário de construção da nação imaginada por Amílcar Cabral. O projecto de colaboração começou em 2011 quando Sana N’Hada e Filipa César, entre outros, colaboraram na investigação e reactivação do imaginário do movimento de libertação guineense. Partindo da digitalização dos restos destas produções cinematográficas militantes nacionais, o projecto tomou a forma de um arquivo colectivo e experimental. A Luta ca caba inda tornou-se um campo magnético, em torno do qual gravitam cinéfilos transnacionais e outros ativistas no contexto de diferentes eventos, exibições, cinemas móveis, publicações e seminários. O projecto é a continuação no presente de uma prática cinematográfica colectiva e internacional que começou em 1963, quando quatro jovens militantes, Sana na N’Hada, Flora Gomes, Josefina Crato e José Bolama foram enviados para Cuba para aprender cinema tendo regressado à Guiné-Bissau para produzir o cinema militante nacional. Luta ca caba inda é assim um campo de forças que liga pessoas e causas de então a um tempo incerto baseando-se numa ecologia de relações que começaram há muitos séculos atrás e não apresentam um horizonte de finitude.

No Ria Bolanha / APEE

É a associação de pais e encarregados de educação da Escola do Ensino Básico de Malafo e dos Trabalhadores Agrícolas. A Associação dos Pais surgiu da necessidade de promover a educação formal às crianças e de garantir que elas tivessem acesso à escola com normalidade e sem interrupções. Entretanto, como “saku limpu ka ta firma” (saco vazio não se sustenta em pé), era necessário também garantir alimentação a essas crianças, senão o projeto inicial seria em vão. “No Ria Bolanha”, do crioulo “vamos ao arrozal”, tem como finalidade tratar e rentabilizar os campos de onde vem o sustento.

Satna Fai

Satna Fai é a associação agrícola de mulheres de Malafo. Trabalhando individualmente nos campos e nas hortas para garantir parte do sustento diário, as mulheres viram a necessidade de se organizarem, para melhor rentabilizar a produção, de forma a poderem não só apoiar individualmente as próprias famílias e crianças, como também a escola. Educar não é fácil, é uma tarefa árdua da qual não se tira férias. Satna Fai vem do balanta e significa “vamos dar o nosso melhor”, o que, na verdade, é a prática diária.

Super Kamarimba

Demba Djabaté e Fili Djabate são músicos e artesãos de instrumentos musicais mandingas de uma longa linhagem de griots de Tabató, na Guiné-Bissau, que atuam na preservação, divulgação e aprofundamento do conhecimento da música mandinga e da cultura griot. Multi-instrumentalistas, especialistas em balafon, kora, ngoni, bolonbata, gongomá, dundumbá, djimbé e guitarra, entrelaçam sonoridades e ritmos mandingas à linguagem contemporânea. Membros do grupo SuperKamarimba e gestores do Museu de Tabató, já contam com dois álbuns de originais (Silá Djanhara e União).